segunda-feira, 10 de outubro de 2016

As minhas expetativas (loucas) para o futuro


É sempre difícil prever o que será o nosso futuro. Criamos expectativas – algumas realistas, outras nem por isso – e fazemos de tudo para as conquistar. Trabalhamos arduamente, deixamos amizades de parte, tentamos crescer o mais rápido possível.

E para quê?

Há uns tempos comecei a escrever num caderno como queria que a minha vida fosse daqui a uns anos. Tentei ser o mais realista possível, tendo em conta que sou licenciada, estou nos quadros de uma empresa – que passa atualmente por dificuldades financeiras -, sou boa naquilo que faço e a minha qualidade é reconhecida por aqueles que ocupam o topo da cadeia. Posto isto, os meus objetivos ‘realistas’ eram estes:

- Ter uma festa de casamento com os amigos e os familiares mais próximos;

- Ser mãe antes dos 30;

- Conhecer um país fora da Europa;

- Viver numa casa com dois quartos OU ou pequeno jardim (sei que pedir as duas coisas é demais...);

- Ter um carrinho de cinco lugares com menos de 10 anos de idade;

- Ter uma vida financeiramente estável e tempo (e dinheiro) para combinar coisas com os amigos.

Ora bem, nada disto me parece irrealista. Não peço para ser rica, para ser diretora de uma empresa em Nova Iorque ou ser uma autora de sucesso (estes sim eram os meus sonhos... mas há que manter os pés na terra). Mas vamos lá ver como é que a vida funciona:

- O casamento vai acontecer, mas com muita ajuda dos meus pais. Seria impensável ter uma festa se os meus pais não me ajudassem. O dia do matrimónio resumia-se a uma ida à igreja a correr, atirar arroz para o ar (e recolher tudo, que não se pode desperdiçar comida assim) e um jantar barato com os pais da noiva e do noivo. Felizmente, aqui tenho quem me ajude. E sim, muitos podem considerar este um objetivo fútil, mas não vou negar o facto de ser daquelas mulheres que sonha com o seu dia de princesa desde os 5 anos. E MESMO ASSIM, duvido que haja orçamento para um vestido de Cinderela... Será mais do género da Rapunzel.

- Quero ser uma mãe cheia de energia. E como não sou uma mulher supre saudável, que bebe batidos verdes de manhã e vai ao ginásio regularmente, sei que essa energia vai desaparecer rápido. O meu namorado é oito anos mais velho do que, por isso terá 40 anos quando eu tiver 32. Quero que a miúda (estou a fazer figas para que seja uma miúda!) possa andar às cavalitas de uns dos pais (claro que isto é um exagero, a minha mãe foi mãe da minha irmã mais nova aos 40 e fui tudo tão espetacular quanto a primeira vez). Mas a verdade é que, se a minha situação profissional continuar como está, nem aos 50 serei mãe. A criança vai comer o quê, fatias de ar? Quando estiver doente, faço umas mezinhas? Na altura da escola vai usar os meus manuais de 1996? Dizem que não posso pensar assim e que não devo esperar pela altura certa, porque ela não existe. Mas bolas, não me apetece ter a Segurança Social à perna e viver com a corda à volta da garganta. “Ah e tal, os teus pais ajudam-te!” Pois, está bem, mas os meus pais têm mais três filhos. E não têm ‘Santa Casa da Misericórdia’ escrito na testa.

- “Há montes de promoções na agência Abreu, devias aproveitar!”. Ora bem, se nem para um fim de semana em Madrid tenho dinheiro, quanto mais uma ida aos Estados Unidos ou à África do Sul? Até posso ter dinheiro para os bilhetes, mas e a vida lá? “Oh, aproveitas o subsídio de férias!” Sabem para que é que serve esse dinheirinho? Para pagar a revisão do carro, a esterilização da minha gata e o arranjo do termoacumulador que não para de pingar. Férias de sonho, right?

- Eu sei o que vão dizer: “Arranjas carros baratíssimos em segunda mão e muito bom estado”. É claro que eu já andei no Standvirtual a ver oportunidades maravilhosas! Mas sabem o que é chegar ao final do mês com 1,58 euros na conta? E ter de aguentar 3 ou 4 dias com isso? Como é possível juntar o que quer que seja? Mais vale esperar pelo subsídio de férias e levar o nosso carrinho podre de 1999 ao mecânico...

Basicamente, preciso de um aumento para fazer isto tudo e mais algumas coisas... Alguém precisa de uma jornalista divertida, com a louca ambição de viver num T2 e guiar um carro de 2006? 

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