Hoje escrevi um texto sobre o bem que os animais domésticos
fazem à nossa saúde (Fica aqui o link. É sempre bom aumentar as visitas do site…).
Nunca tinha pensado nisso, mas a verdade é que o meu cão e a minha gata
acabaram por me ajudar bastante nos dias mais deprimentes…
Não sou fã de gatos. Nunca fui. Mas a minha gata é uma
autêntica miss, cheia de taras e manias.
A Gotha (vem de Saxe-Coburgo-Gotha. Don’t ask. Quem não faz
ideia do que estou a falar que vá ao Google, ia gastar muitos caracteres a
explicar) tinha um passatempo: Passar o tempo a morder-me as pernas e ‘fazer
ninho’ em cima de mim enquanto estava a dormir. À partida isto não parece lá
muito simpático, mas a verdade é que não havia nada mais confortável do que
ouvir o ron-ron em cima da barriga.
Hoje em dia, já não é miss, mas sim uma lady. A idade
avançada já não a permite andar aos saltos pela casa, de mandar um speed quando
vê um mosquito ou de oferecer pequenos presentes aos donos – e quando falo em
presentes, refiro-me a um rato ou um pássaro que caçou no jardim e que faz o
favor de trazer para dentro de casa, como se de um troféu se tratasse.
Mas eu gosto que ela esteja mais calma. Assim a vida
resume-se a comer, dormir, ir apanhar sol ao jardim e fazer ron-ron em cima da
barriga de um dos donos. Há gata mais simpática que esta?
A Gotha era ‘a mãe’ do Charlie, o boxer mais ‘baboso’ de
sempre – note-se aqui a diferença: ‘Charlie Parker Brown’ e ‘Saxe-Coburgo-Gotha’.
Enfim... Uns são filhos, outros enteados.
O Charlie quando era pequenino observava a Gotha – um ano
mais velha – e imitava-a. Ficámos com medo que se tornasse num cão-gato (usava
as patas da frente para brincar com a bola, como se fosse um gato), mas acabou
por se tornar num cão robusto, com um ladrar que fazia com que as pessoas que
passavam ao lado do portão de nossa casa se assustassem e quase saltassem para
a estrada.
Apesar de todo este ar aterrorizante, o Charlie era um ‘panhonhas’
do melhor que há. Adorava brincar com o seu osso de borracha, deitar-se na sua
cama de barriga para o ar e entrava por um dos quartos a dentro a meio da noite
só para ver se nós estávamos a dormir.
Parte menos boa: Como passava a vida aos saltos e a correr
de um lado para o outro, as paredes de casa tinham deixado de ser brancas e
tinham passado a ser cinzentas. Basicamente, tínhamos a casa ‘forrada’ a baba
do Charlie. Isso sim provocava algumas discussões lá em casa, confesso.
Mas tirando isso, o Charlie era o cão mais divertido,
simpático e carinhoso que alguma vez tive. Sempre que a família ia passar
férias fora e o trabalho obrigava-me a ficar sozinha em Cascais, o Charlie não
me deixava dormir sozinha. Quer adormecesse no sofá da sala, quer me enfiasse
na cama do meu quarto, ele vinha sempre atrás de mim e fazia-me companhia a
noite toda. E claro, assim que me levantava, lá vinha ele aos saltos também.
O Charlie morreu apenas há umas semanas. Tinha um tumor no
focinho, que acabou por se alastrar para a garganta. Esteve sempre animado até
ao fim. O único dia em que se portou mal e não ‘deu cavaco’ a ninguém, foi no
dia em que o tumor começou a passar para a garganta e ele começou a sentir
dificuldades em respirar. No dia a seguir, como já tinha percebido como devia
contornar o problema, já estava novamente de osso na boca, a correr e a abanar ‘o
croquete’ (só quem tem boxers é que percebe).
Pela descrição, não pensem que somos uma família de
insensíveis e que o deixámos a sofrer até ao seu último suspiro. Isto terá
acontecido no fim-de-semana (ou um dia ou dois antes) e tomámos a decisão de o
abater na segunda-feira ao final da tarde – o que nos custou muito, uma vez que
ele comia, dormia e brincava normalmente. Infelizmente, o tumor decidiu fazer
com que ele não conseguisse esperar pelo final da tarde… Não vale a pena entrar
em descrições.
Isto tudo porquê? Porque o meu cão e a minha gata fizeram-me
de facto muito bem à saúde. Ajudaram-me a sentir mais animada quando passava
por momentos mais negros e mostraram-se mais leais e carinhosos do que muitos
que me rodeavam.
Resumindo: Fizeram-me mesmo bem à saúde. E eu espero ter lhes dado
pelo menos um bocadinho do que eles me deram a mim.
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