“A minha liberdade termina quando começa a dos outros”.
Fartei-me de ouvir isto nos últimos dias, após o atentado à redacção do Charlie
Hebdo. Ora bem… O que raio quer isto dizer? Colocaram esta questão durante o
programa Governo Sombra e confesso que fiquei a pensar durante um bom bocado.
Conclusão: Não faço ideia onde começa e acaba a minha, por isso peço desculpa
se continuei a usufruir da minha liberdade depois desta ter terminado. Comecem
a delinear melhor a coisa e pode ser que as pessoas não se percam pelo caminho
e invadam a liberdade do vizinho.
Não consigo entender as afirmações de algumas pessoas. “Tens
liberdade de expressão, não podes é ofender”. Tal como Ricardo Araújo Pereira
disse no programa “não acho bem que se insulte, acho é que insultar deve ser
permitido”.
Podem viver num mundo sem crítica, sem caricaturas, sem
ironia, sem opiniões, onde não se pode fazer piadas sobre Fátima e alguns se
sentem ofendidos com a construção de bonecos de neve (a sério, é visto na
Arábia Saudita como uma prática anti-islâmica. Ora vejam). Eu cá não acho piada
nenhuma a esse mundo, por isso gostava que continuassem a poder fazer piadas
sobre os assuntos ‘tabu’ e pouco explorados.
Posso não achar muita graça (como acho o Nilton muito
fraquinho, por exemplo, e sou louca pelo Conan O’Brien. Como adoro o Kramer do
Seinfeld, mas achei as tiradas do Michael Richards sobre os negros muito
infelizes) e apontar uma certa falta de gosto, mas isso não faz com que tenha o
direito de calar quem quer que seja.
Continuem a desenhar e a escrever. Muitos vão detestar, mas
outros agradecem.
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