segunda-feira, 24 de agosto de 2015

A minha sobrinha do coração

Há uns anos (o tempo passa mesmo a correr…) ganhei duas sobrinhas (a Raquel e a Daniela) e duas primas (a Margarida e a Catarina). De sangue, não me são nada. De coração, são muito mais do que imaginam.

Hoje a Raquel faz 15 anos. Quando a conheci tinha 7, quase a fazer 8. E que diferença fazem estes anos! Era pequenina, envergonhada, mandava-me mensagens a perguntar se estava farta dela e quase todos os dias perguntava-me se ia a Montelavar.

A Raquel há 5 anos

Agora, a Raquel é (quase… quase…) mais alta do que eu, uma morenaça gira que arrasa corações, uma crescida que se preocupa com o cabelo, com os sapatos e o vestido, que me manda mensagens a dizer que gosta muito de mim.

Eu gosto de pessoas boas, com um bom  coração. E é exactamente isso que as minhas sobrinhas e primas são - miúdas decididas, queridas, com personalidade e bem formadas.

Margarida, Raquel e Daniela há 5 anos. Só falta a Catarina
Parabéns minha querida Raquel! Não só pelo dia de hoje, mas por tudo aquilo que és!

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Avó Tina, a mulher que aprendeu a ler e escrever por amor

Os meus amigos dizem que sou "a cara chapada" da minha mãe. O meu avô acha que sou igual à minha avó materna.

A minha tia insiste que sou tal e qual o meu tio. Mas o meu pai diz que eu sou muito parecida com a minha bisavó (Leon)Tina.

Nunca me achei parecida com a avó Tina. Mas o meu pai diz que basta "apanhar o cabelo em cima e tirar os óculos" para ficar mesmo muito parecida. Continuo a não achar...

Mas fico contente com esta comparação. Não só por achar que a minha bisavó (avó da minha mãe) era uma mulher muito interessante, mas também porque é uma das muitas que admiro na minha família.

A avó Tina nasceu em 1909, em Ervideiros, no meio do Gerês. Tinha 6 irmãos e nunca foi à escola - acabou por passar a infância e a adolescência em casa, a tratar deles e a ajudar a mãe com as tarefas domésticas. Não aprendeu a ler nem a escrever, limitando-se à casa, ao campo e à família.
A avó Tina (no centro) com a mãe e o tio Dinis (um dos irmãos)

Começou a namorar com o meu avô Basílio, um homem que saiu do Gerês muito novo para 'se fazer à vida' em Lisboa. Como a distância era enorme (e no início do século XX ainda parecia maior...), a única forma de se 'verem' era através de cartas de amor. Por isso, a avó Tina decidiu pegar nos cadernos dos irmãos mais novos e aprender a ler e a escrever sozinha. "Ninguém tinha de ler as cartas que mandávamos um ao outro", chegou a dizer à minha mãe. 

E a partir daqui, seguiu-se uma história de amor, em que uma minhota 'aventura-se' até à capital, à procura de uma vida melhor e do seu amor de sempre.

Eu sei que esta é a história da maioria dos antepassados das pessoas que conheço, o analfabetismo estava espalhado por Portugal inteiro e muitos rumaram a Lisboa à procura de uma vida melhor. Mas não as vejo a elogiarem os seus antepassados, a partilharem as suas histórias, a sentirem-se orgulhosas dos feitos daqueles que tornaram possível a nossa existência. Mostrem o orgulho que têm na vossa família, partilhem acontecimentos, histórias bizarras, pequenas conquistas... 

O que há mais na minha família (nos dois lados) são histórias incríveis. E acho que não tenho de as guardar só para mim - é a partir de histórias como estas que surgem livros, filmes e músicas. Pode ser que um dia haja um livro sobre os Corais, uma música sobre os Salles Gomes e um filme sobre os Marques Alves!
A avó Tina com 90 anos

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

E assustada eu disse não...

Existem mulheres que gostam de conviver com a compostura, com o previsível, o seguro, mas matam-se por um pouco de rispidez, de inquietude e de insegurança?

Que vivem à procura do estável, mas ansiosas por encontrar o instável? Que se contentam com o neutro, mas ardem com o ácido? Que só ligam à melodia, mas caem sempre no ritmo? 

Que têm tudo previsto, mas procuram quem dê cabo dos horários, das rotinas e dos dias?

Existem mulheres que já não sabem o que lhes faz bem e o que lhes faz mal?

Eu conheço umas quantas...